6#-O-Ser-se-lança-cego-ao-seu-abandono-em-desesperança
Neste mundo
impessoal ao qual nos abandonamos em desesperança leva o ser ao desaparecimento
e cegamente se lança sem força.
É no Nada e do Nada que Deus criou
Tudo. Neste Nada é que fecundam-se as coisas e sujeitos. Então percebe-se uma
curiosidade: no lugar onde Deus cria é que passamos a nomear Tudo. Inclusive a
vida própria e autêntica do Ser.
O Ser - por substituição à sua
distante esperança por pensar na morte certa, constitui no lugar das relações e
afazeres, as esferas perfeitas de seu isolamento e impessoalidade, objetivando
menos desgastar o que se auto identifica como o perfeito desaparecimento.
O Ser descobre a sua jóia na
pessoalidade em substituição. No meio da multidão o Ser sente-se forte e
poderoso. Ele pode se mascarar de um Alguém Ninguém. Sua responsabilidade e
decisão desaparece e se dilui no mar de tantos “desconhecidos”.
Não dói ao Ser e nem lhe cabe qualquer
autoria, pois ele flui de forma vigorosa numa massa informe de “ninguéns”.
Algo nesta indiferença se faz
notório e gera dano a Todos. O Ser se compraz desta atitude e a condena, mas
para que Alguém se sinta a fazer algo em substituição a ele-mesmo.
E a morte? Poderia este Ser
substituir em Alguém ou Ninguém? Afinal, a cessão de vida a outro Ser, não
retira a morte do substituído?
O Ser “indiferente” cultiva uma
rotina regida para ocupações que o distraia de sua pessoalidade. Se vale de uma
presença parcial nas suas relações onde ele cada vez mais se aproxima do perfil
de “ninguém”. Isto – em seu olhar, o protege de tomar responsabilidades e
assumir posições. “Alguém” fará isto por ele – em substituição.
Massa de Seres, a cada manhã se
deslocam – cegas, para suas atividades impessoais, blindadas pela indiferença
que lhes levam ao abandono e desesperança de si-mesmas.
A própria profissão do Ser lhe serve
de um atributo para quando perguntado, ele responder “Quem”, pois afinal, ele
não seria. Sugere, então, o Ser: deve ser “alguém” diferente de mim. O
questionador retruca: Quem?
Aberta está o relacionamento da
indiferença. Tudo se iguala num silenciamento que esmaga toda originalidade. As
conquistas se banalizam. O segredo não convém na publicidade da impessoalidade.
A morte é a absoluta conhecida por estar sempre nos eventos diários.
O Ser neste mundo ditado pela
familiaridade da indiferença se lança cegamente e frágil no seu desconhecimento
e se torna heroicamente um “ninguém” que irá apoiar-se impessoalmente nele para
que previamente nada caiba nele responsabilizar-se por absolutamente Nada.
Morre o Ser no Outro que nele é pena
de bela e trágica digna impessoalidade. Lastimável.
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