VIOLÊNCIA
VIOLÊNCIA
Convivemos com as mais diversas formas de abusos. Muitos a simplificam e
encaram sendo problemas que afetam minorias. E isto nos dá a desculpa para não
prestar atenção “ei, eu não sou minoria”; certo?
E os resultados não impactam toda a sociedade. Um chip plantado em nossos
cérebros quando ouvem a questão sendo abordada, imediatamente nos direcionam
para o sentido contrário. Aí a confusão se estabelece. Ouvimos a palavra “raça”,
deduzimos negro, latino, branco, etc. Ouvimos a palavra “orientação sexual”,
pensamos gay, lésbica, trans, etc. Ouvimos a palavra” gênero”, deduzimos “mulheres”.
E assim, o outro, ou seja, o grupo dominante, se esvai num despertencimento de
não atenção.
Ele – o grupo de maioria, não se sente desafiado por não ser examinado
nas questões primárias, tornando estas questões de grande invisibilidade; muito
por conta da forma conspiratória de como usamos a linguagem.
Notem a estética no design dessa frase: João espancou Maria – a atenção
fica em “João” e toda a sua violência para com sua vítima “Maria”. Veja agora:
Maria é uma mulher agredida – afastamos totalmente o agressor “João”,
minimizamos a ação “espancamento” e tornamos “Maria” uma pessoa que
provavelmente teria razões para a consequência sofrida, tipo “por que essas
mulheres permitem tal coisa?” ou, “por que essas mulheres ficam com esses
homens?” ou, “o que foi que ela fez por merecer esta ação? Boa coisa não é!”
O cérebro do dominante foi programado para criar esta estrutura de pensar
“focar somente em Maria”.
As perguntas sérias seriam “por que João abusa de Maria?” ou “por que a
maioria agride de forma ininterrupta a minoria?” ou “quais as causas de que
isto seja um problema no mundo ou aqui?”, ou “o que há de errado hoje em dia
para que tal fato ocorra?”, ou “por que tantos fatos escandalosos acontecem não
somente com pessoas, mas com instituições; e de novo, e novamente?”
Ninguém é um monstro saindo diretamente do pântano, entram em
relacionamentos, cometem o mal e retornam de imediato para a escuridão.
Os agressores – pessoas ou entidades, são normais e comuns.
A questão volta-se então para perguntas tipo “como estas gerações são
geradas?”, ou “qual o papel da sociedade no aspecto cultural, religioso,
corporativo, educacional, midiático, acadêmico, entre tantos outros criados e
geridos por seres humanos podem questionar e ser transformador?”, ou “como
podemos mudar as práticas?”.
Focar e falar sobre isto parece ser “ofensivo”, “lamentável” e “desagradável”.
O nome disso é “mate o mensageiro”.
Em geral nos sentamos e nos calamos. Mas se falar e não for do mesmo
grupo da “tribo” será rechaçado, agora não mais pela maioria, mas pela minoria
que não o aceita. É como se não sendo
minoria, você é “anti-minoria”. Na verdade estamos todos sendo afetados pela violência
de alguma forma. O que parece óbvio e nada pioneiro.
Parece que o caminho aponta para que façamos uso de ferramentas que
interrompam processos vexatórios de cultura na parceria maligna, de comportamento
abusivo e inaceitável; por simplesmente não ser legal.
E ato contínuo deslocar este agressor para um status de silencio, e assim
fazê-lo raciocinar na valência da continuidade da agressão.
Isso não é sensibilizar. É a oportunidade de desenvolver liderança
latente em cada um de nós num nível em que não aceitemos o esdrúxulo; seja pela
fala, gesto ou aceite.
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