Seiva do Mal




Um situação desafia por séculos a humanidade e é preocupação de estudo por filósofos, dramaturgos e teólogos; qual seja: como tirar da cena do mal boas pessoas ou pessoas queridas.
Todo humano é permeável de se bandear do lado do bem e - seduzido pelo mal, decidir cruzar a linha boa e rara e seguir pra sua ruína. É ilusório ver anjos na brancura de almas bondosas? E se irmos mais fundo nessa mesma alma? Repousaria ali, ou apareceria nesse fundo, diabos? O que isto nos mostra?
Parece que o bem e o mal é parte inseparável da condição humana. Lembremos de Lúcifer e de sua relação primária com Deus. O anjo, até então, cruza a linha, e ganha uma insignificância e segue expulso na queda pra se tornar Satã e dar começo ao mal no mundo. Esta parte do “mundo” se torna o inferno. Constatamos um arco de transformação cósmica neste ato: de anjo a demônio. Neste contexto, pessoas comuns podem seguir o mesmo caminho.
O mal, visto deste ângulo, seduz pelo exercício de alguma forma de poder. Seria o poder, a chave do mal? E intencionalmente ferir as pessoas e destruí-las – mortalmente, e de maneira psicológica e física, impulsioná-las para o cometimento de crimes?
O mundo parece ser – de fato e realmente, um lugar estranho. Isto é fato quando flagramos humilhações e submissões entre pessoas. Não cansamos de nos chocar e de ficarmos surpresos. Os paralelos visuais de dor provocada não se cansam de surgir.
Há muitas maçãs podres. Ninguém é ingênuo de renegar esta idéia. Como uma adega, há barris ruins originados de uma mesma safra. Mas como isto é possível?
Há épocas e períodos da humanidade que fatos notórios afetem psicologicamente as pessoas tornando-as violentas por ter na natureza o terreno propício. Seria esta uma má interpretação?
O que a humanidade contribui para a visibilização do mal? O que deve ser feito para que não fiquemos prisioneiros dos braços estendidos da doença do mal? E que não nos faça cobrir e rolar na terra recheada do mal? O humano seria um arcabouço psiquiátrico? De quem seria a responsabilidade de reelaborar a pergunta do que está ocorrendo com as pessoas? E obviamente com a humanidade.
As pessoas são boas até um ponto de ruptura que se acredita existir nas “masmorras” que trazemos em nós mesmo? Ou há uma disposição anterior que faz com que este, digamos, tomate podre aflore?
Estamos nós num palco que está sempre em giro e mudando, e neste teatro assumimos os nossos papéis onde nos é dado figurino e protagonismo oportuno?  Se sim, quem dirige o “espetáculo”? Quais fatores externos que determinam sermos pertencentes ao barril ruim?
Seria o barril o sistema? E esse o real fabricante de barris ruins? Considerando o barril o arcabouço legal, político, econômico e cultural em que estamos a viver.
Nesta inter-relação dinâmica, posso ser autor de mudança de minha situação. Ter o poder de transformar e entender os fatores que me seduzem para o efeito Satã. Basta identificar no sistema essas situações de sedução. Posso ser infinito na minha bondade e focar a palavra do bem na minha mente. Ser criativo e não destrutivo. Ser compassivo e não pactuar com a crueldade. Gentil sem ser indiferente. E resistir a qualquer demanda de fazer uso da vestimenta de vilão, bem como inibir o solo fértil de circunstancias de ondas negativas.  
Se lhe fornecessem uma chance de eletrocutar uma pessoa comum, você o faria? Senão, em circunstancias outras, cuja situação rara aparecesse, novamente o negaria?
As chaves dessa situação parece contrariar nossa decisão quando somo desumanizados. Isto acontece muito em campos de concentração – durante regime de guerra, e em prisões. As atividades espúrias somadas ao ambiente degradante parece ser as circunstancias ideais para o fundo negro surgir.
A humanidade dessas pessoas – neste ambiente, parece aflorar o anonimato e o mascaramento. Aí mutilam, torturam e matam. O poder do efeito Lúcifer. A lubrificação na escorregadia ladeira do mal. Desindividualizar a pessoa para difusão da obediência cega mão crítica e passiva ao mal pela indiferença da desumanização. Os padrões de respostas usuais neste “teatro” parece faltar. Sem drogas, somente fatores psicossociais. Uma receita para o abuso que fica oculto e deixa acontecer.
O homem e o mal caminham no coração de cada ser humano. Não está “lá fora”. O antídoto contra isso que todos precisam estar aqui e agora. Abrace-o rápido e de forma positiva. Pense ser sempre o herói. E deixe que ele apareça e que aja. Uma vida para sua vida inteira. Inspire sua imaginação e se veja numa situação similar.
Me lembro de uma caminhada tranquila numa manhã de inverno nas areias da praia da barra da tijuca – zona oeste do Rio de Janeiro. Uma cena acontecendo há uns vinte metros mar adentro me incomodou. Duas jovens adolescentes se abraçavam. Vi no gesto algo desesperador. A água fria não me intimidou. Quando cheguei a um metro de ambas, presenciei que o que realmente acontecia era que tentavam se segurar uma à outra. Enfim, estavam se afogando. Cheguei junto a elas. Agredi moderadamente com um tapa no rosto das duas; e as tirei daquele “mergulho” desesperador. As mantive calma e aguardei o socorro. Tive a inciativa de informar a uma pessoa na areia do que iria fazer e torci para ela entendesse a situação. Após um período de tempo, chegou um surfista, colocou as duas na prancha e remou pra praia. Eu fiquei ali reunindo forças pra voltar. O que fiz com dificuldade. Ato heroico?! Poderia se ver assim após fato consumado. Mas pra mim foi somente ter-me incomodado com a situação e reagi a ela. Não dei ouvidos ao “cuide de sua vida”. Ora, a humanidade é parte de minha vida. E nisto tenho que me envolver.
Poxa, vamos então criar uma oficina de heróis – assim como tem trabalho o estadunidense Matt Langdon para desenvolver nas crianças uma imaginação heroica. 
Somos seres sociais esperando em nós despertar o herói que age contra o culto da inação.
Meu caso ficou no anonimato e aconteceu no ano de 1992. Mas um outro caso – em 2007, teve grande repercussão. Um americano – Wesley Autrey, viu um homem caído nos trilhos do metro. Ele salta nos trilhos se joga em cima da pessoa e o trem velozmente avança passando a um centímetro acima da cabeça de ambos. Ele poderia muito bem fazer igual às muitas dezenas que ali estavam – horrorizadas e inertes, a ver o desfecho. Ele foi o único a agir. Seguir o caminho é perpetrar o mal. O bem sempre se reconforta quando se obedece o desejo de fazer o que deve ser feito.

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