Ilusório Ano Novo
Mais um ano novo se aproxima
nesta parte periférica do mundo conhecido, e de cuja sociedade se encontra
totalmente desarticulada da matriz geradora de uma excelência da moralidade
social. O cidadão comum impotente e desamparado experiencia sua própria
devastação provocada por uma lógica de formação educacional sofrível
identificada numa metodologia criada por planejadores públicos integrados e
focados no domínio de suas privilegiadas opulências.
Vive-se no Brasil numa permanente
esperança de um “feliz ano novo” expressado numa estética ambiental de duvidoso
gosto onde o imaginal é marginal.
Lojas bacana, roupas ricas,
festas chiques contrastam com o festim sacro de matriz africana do cidadão
pereba. Cachaça, farofa e galinha morta. A superstição que abre uma brecha pra
mudança de canal. Dentes pretos, olhos vesgos comendo o desfile do estoque
esgotado de delicatessens.
O Brasil e sua necessidade
eleitoreira de “falta”. A inclinação que sugere a invasão do eterno saltar para
trás. Uma intensa violência que gera efeito maléfico na sociedade; e de cuja
mídia aceita, articula e veicula numa alusão de um potencial futuro pacto.
É brutal e intenso o desejo de
aniquilamento proporcionado pela elite brasileira para com os que compõe a base
da pirâmide. É profunda a ação do gesto destrutivo na imagética destes
poderosos personagens que em atos incontinentis obedecem seus interesses de
dominação.
Esta aparente e ilusória transição
entre anos, cria uma perspectiva que parece não problematizar a narrativa
concreta e material do que é real em nosso país. O povo vive sempre a se
esquivar do golpe de morte que sucede ininterruptamente nos acontecimentos que
se desdobram e impõe ritmo a sua ampla miserabilidade.
A lição que fica neste artigo é
que este roteiro dificilmente desencadeará uma reflexão nos agentes políticos e
ou públicos que considerem o homem-comum como integrante da raça humana. Resta
somente a este homo expressar seus mais nobres sentimentos num estado de alma
que a fortaleça e que em outros termos direcione a atenção sobre si, e que este
sutil olhar formule um estágio de vivencia que seja superior a esta constante
tensão.
Sugiro, então, que possa subtrair
em si mesmo a altivez de configurar ações que o volte para a estruturação do
Bem, e que este lhe conduza para a plenitude de um alivio no divino, que estará
sempre a aguardar sua volta à casa.
A casa desde sempre, Sua.
Feliz Ano Novo.
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